A ORALIDADE E A PERPETUAÇÃO DE RITOS FÚNEBRES: AS EXCELÊNCIAS DE DEFUNTO

Resumo

A presente pesquisa buscou compreender como as rezadeiras ligadas ao catolicismo encaminham os ritos fúnebres no Distrito de Rajada, interior do município de Petrolina, identificando se há sistematização e presença do cântico de excelências. A coleta de dados e informações ocorreu por meio de entrevistas semiestruturadas e entrevistas/narrativas de acordo com a técnica da História Oral. Foram identificadas nove pessoas, dentre elas, inusitadadamente, um homem, contrariando a expectativa inicial de um ofício basicamente feminino. Essas pessoas têm um maior conhecimento na função de encaminhar ritos fúnebres, elas cumprem os ritos referentes ao velório, terço de sétimo dia e visita de cova. As três práticas são comuns e não tem sistematização rígidas. Alguns entrevistados são alfabetizados minimamente. A forma de aprendizado das rezas, excelências e benditos foi, a princípio para todos eles via oralidade. Atualmente, alguns se apoiam na escrita para conduzir os ritos. Mesmo assim, pode-se dizer que as excelências e os benditos chegaram por oralidade, e se mantem pela oralidade, visto que não há como registrar o som por meio da escrita. A escrita, em alguns casos serve como gatilho para lembrança.  As excelências têm frases repetidas, apresentam rimas e ritmo, o que favoreceu a memorização. De acordo com os entrevistados, as excelências estão em via de esquecimento. Fato constatado pelo entrevistados, não só por não fazer parte do repertório dos mais novos, mas também, porque dos nove participantes da pesquisa, duas senhoras já não lembravam mais. A pesquisa revelou a existência de 12 excelências “vivas” na memória do restante dos entrevistados, esses cânticos ficaram registrados em documentário audiovisual.