Estética e Etnia: produção artesanal no Espaço das Artes Monazumbá

Resumo

No projeto, nosso olhar encontra a periferia, no Bairro do Quidé, ocupado pela classe trabalhadora, onde a tradição de sociabilidade circula entre a celebração dos santos católicos e os cultos do Candomblé, remetendo à herança africana e sua fusão com elementos da cultura indígena. O Quidé abriga quantidade expressiva de terreiros de Candomblé, em Juazeiro/BA, onde é possível reencontrar a memória das nações africanas, trazidas ao Brasil no período colonial, como elemento de resistência cultural. O propósito é geração de renda, a partir de um artesanato inspirado em elementos constitutivos da cultura local, buscando a afirmação, valorização e representatividade do legado africano e indígena, bem como beneficiar predominantemente mulheres que chefiam famílias e jovens em situação de vulnerabilidade social. Na execução do projeto, houve planejamento dialogado com a comunidade, a partir da pesquisa sobre a cultura africana e indígena, para nortear a dimensão estética na confecção de peças. Além de pesquisa sobre a história das técnicas de artesanato envolvidas nas oficinas (bordado, macramê, bolsas e bonecas), para possibilitar um conhecimento mais aprofundado sobre a origem das mesmas e sobre prática de alongamento corporal (para evitar lesões por esforço repetitivo e excesso de tensão em determinadas áreas do corpo, possibilitando a continuidade confortável na confecção de peças artesanais). A execução das oficinas vem ocorrendo às quintas-feiras e sábados, com duração de três horas e intervalo para lanche. As turmas foram compostas por até cinco participantes por oficina, para melhor acompanhamento individualizado na execução das técnicas. Houve grande receptividade da comunidade e engajamento na produção artesanal. A culminância será uma exposição no Espaço das Artes Monazumbá, com ampla participação da comunidade, inclusive na organização do evento.