ITAN: histórias para contar

Camila Yasmine do Nascimento Magalhães, Maria Edneide Torres Coelho

Resumo


Desenvolvido na Escola Estadual Eneide Coelho Paixão Cavalcanti, no bairro João de Deus, periferia de Petrolina, atendendo a trinta alunos de turmas de Educação de Jovens e Adultos de nível médio, o projeto “ITAN: histórias para contar” buscou apresentar a esse público a importância da oralidade e de sua escuta na transmissão de saberes pelos mais velhos, sendo este, o significado da palavra nagô ITAN. Para isso, foram usadas como fundamentação a cosmovisão afro-brasileira e indígena e a música contemporânea de artistas afro-brasileiros e indígenas para evocar memórias nos participantes e valorizar suas experiências de vida. O objetivo do projeto era ressignificar conceitos sobre os povos afro-brasileiros e indígenas e fortalecer a comunidade que recebeu o projeto, tendo a música como tema transversal e facilitador do processo de formação. Para o seu desenvolvimento, o projeto contou com três etapas. Na etapa de apresentação de ITANs narrados e cantados os alunos participantes assistiram a cinco vídeos gravados para o projeto e um videoclipe. Também foi explicado o conceito do ITAN, a cosmovisão afrobrasileira e indígena sobre oralidade e memória e abriu-se conversa para ouvir as memórias da turma. A segunda etapa consistia em identificar personagens importantes da comunidade no entorno das escolas. No entanto, notou-se, pelo perfil do público-alvo e suas histórias de vida que estas precisavam de escuta e valorização. Sendo assim foi sugerido que cada um escrevesse uma lição que teve na vida e que pudesse servir de ensinamento para outras pessoas. A última etapa está em andamento, quando o grupo decidirá os meios de apresentação de suas histórias através de vídeo ou de contos que deverão ser publicadas no instagram do projeto. O que se avalia é que o projeto ganhou outros contornos diante das histórias de violência dos participantes, que o afastaram da escola e sobre os caminhos que os reconduziram a ela. Isso muito pode revelar e ensinar sobre as condições de existência no mundo contemporâneo resultante de processos históricos de exploração e anulação de outros modos de existência desde o período de colonização. Está cabendo ao projeto, portanto, o papel de escuta ativa e de criar espaço para que esses indivíduos falem e se escutem, reconhecendo semelhanças em suas histórias de vida. Reafirmamos com a experiência a necessidade de reconexão com a ancestralidade para reconhecer-se no presente, compreender as situações excludência e transformar a realidade. 



Palavras-chave


ancestralidade; memória; colonialismo.

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