QUALIDADE DA ÁGUA DE RESERVATÓRIOS DO RIACHO DO NAVIO E RIO PAJEÚ: UMA ANÁLISE PÓS TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO

Resumo

Projetos de integração interbacias representam uma estratégia de manutenção da oferta do recurso em áreas secas. Embora tragam inúmeros benefícios, esses projetos podem impactar na qualidade dos corpos hídricos envolvidos. Monitorar esses ecossistemas é relevante para gerar informações que auxiliem na classificação ambiental. O presente trabalho objetivou analisar a qualidade da água, através de parâmetros físicos, químicos e biológico, de reservatórios integrantes do baixo curso do rio Pajeú, semiárido do Brasil. Quatro reservatórios (Barra do Juá, Serrinha II, Cachoeira II e Jazigo) integraram o modelo de obtenção de dados. Em cada ecossistema, 15 pontos foram selecionados na zona litorânea e amostrados durante o período seco (junho de 2022). Parâmetros abióticos e biótico (clorofila-a) foram estimados em cada local. A classificação trófica foi obtida a partir da aplicação do Índice de Estado Trófico (TSI). As águas dos reservatórios estiveram quentes, com médias superiores a 24ºC. Foram encontradas baixas concentrações de oxigênio dissolvido, em certos casos indicando anoxia (Jazigo 0,9 e 3,5 mg/L). Elevados valores de nutrientes, como fósforo total (Barra do Juá: 76,78 ± 28,18 µg/L), nitrogênio inorgânico dissolvido (Cachoeira II: 316,20 ± 324,51 µg/L) e nitrogênio amoniacal (Serrinha II: 145,88 ± 69,26 µg/L) foram registrados. A maior amplitude da clorofila-a ocorreu em Barra do Juá (mínimo de 3,60 e máximo de 65,95 µg/L). O TSI indica que os reservatórios foram mesotróficos, exceto Barra do Juá que esteve em condição eutrófica (62,13 ± 3,60). Os reservatórios diferiram significativamente entre os parâmetros analisados (p<0,05). O conjunto de dados indica que a qualidade hídrica desses ecossistemas forma um gradiente ambiental. A condição de enriquecimento de nutrientes torna-se preocupante, pois esses reservatórios são utilizados para fim de abastecimento público. Estudos futuros, incluindo dados das comunidades bióticas, são encorajados a fim de ampliar a discussão sobre os riscos da degradação da qualidade hídrica para a perda da biodiversidade.