Ocorrência, identificação e especificidade de ervas-de-passarinho em plantas nativas da Caatinga

Resumo

A infestação pelas ervas-de-passarinho ocorre naturalmente na flora nativas e pode ser considerada um fator relevante a ser monitorado pois, prolifera-se com facilidade e se em desequilíbrio, compromete a arquitetura das plantas hospedeiras, interfere potencialmente no vigor das árvores, reduzem as taxas de crescimento, além de induzirem a mortalidade prematura e facilitarem o ataque por agentes patogênicos e insetos. É importante compreender essa relação de preferência do hemiparasita ao seu hospedeiro. Objetivou-se analisar a infestação e a especificidade das ervas-de-passarinho em plantas nativas da Caatinga em área de preservação localizada no IFSertãoPE Campus Petrolina Zona Rural. O trabalho foi conduzido na Trilha Ecológica Inclusiva do IFSertãoPE Campus Petrolina Zona Rural, no transecto de 850 metros de comprimento, entre os meses de abril a outubro de 2022. Onde os fatores foram: Levantamento das plantas hospedeiras e hemiparasitas (registros fotográficos e marcação com GPS); Biometria das plantas hospedeiras (altura e diâmetro da altura do peito); Coleta e identificação biológica das plantas hospedeiras e hemiparasitas (preparação de exsicatas e encaminhadas para o Centro de Referência Para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga - CRAD/UNIVASF; Realização de podas de rebaixamento ou retirada total das plantas hemiparasitas (uso de tesoura de podas e podão); Teste da pomada de extrato hidroalcóolico da raiz da jurema-preta (Mimosa tenuiflora (Wild.) Poiret) (aplicação da pomada nos pontos de corte objetivando a cicatrização e proteção contra ataques de patógenos). Foram avaliadas 16 espécies: 12 juremas-preta (Mimosa tenuiflora (Wild.) Poiret), um feijão-bravo (Cynophalla hastata (L.) J. Presl.), um pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.) e duas faveleiras (Cnidoscolus quercifolius Pohl.) levando em consideração o seu grau de infestação, e apenas oito plantas de jurema-preta que teve a maior representatividade com infestação das parasitas, recebeu a poda e a pomada. As plantas foram identificadas (H1 à H13) e plantas hospedeiras da mesma espécie que recebeu, com o tratamento (P para pomada e T para testemunha/sem pomada). Todas as plantas depositadas no herbário, foram identificadas taxonomicamente, com número de registro/voucher: 24985 (M. tenuiflora (Wild.) Poiret); 24374 (C. hastata (L.) J. Presl.); 24992 (A. pyrifoliumv Mart.); 24991 (Phoradendron mucronatum (DC.) Krug & Urb); 24986 (Phoradendron quadrangulare (Kunth) Griseb.) e 24991 (Struthanthus polyrrhizus (Mart.) Mart. Levando-se em conta o que foi observado no transecto de 850 metros da área de estudo, foi identificado visualmente uma grande quantidade de plantas parasitadas por ervas-de-passarinho em que o grau de infestação e especificidade dos hemiparasitas foi expressivo, chegando ao ponto de algumas plantas terem morte de galhos bem desenvolvidos e até temos morte de plantas inteiras, destaco também a espécie hemiparasitas P. mucronatum (DC.) Krug & Urb., em que ela só parasitou o pereiro e o mesmo não foi parasitado pela outras espécies. Já às espécies P. quadrangulare (Kunth) Griseb. e S. polyrrhizus (Mart.) Mart. teve ocorrência em várias outras espécies. A pomada a base do extrato de raiz de jurema-preta, não apresentou efeito cicatrizante. Diante do contexto, sugere-se realizar testar pomadas produzidas de outras espécies de plantas da Caatinga que tenham propriedade cicratizante. Bem como realizar podas das parasitas e das plantas afetadas periodicamente, para que o controle de infestação seja melhor.