ENCRUZILHADAS EPISTEMOLÓGICAS: PROCESSOS DE ACULTURAÇÃO DOS SABERES ADVINDOS DA DIÁSPORA AFRICANA NAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBOS DO TIPNI BAIANO E O ENSINO DE FILOSOFIA

Rita de Cássia Souza Martins, Gabriel Kafure da Rocha, Rodolfo Rodrigues Santos Feitosa

Resumo


Os povos advindos da diáspora africana povoaram o território brasileiro e com seu trabalho, culturas e tradições contribuíram para a constituição da identidade nacional. No entanto, as nações colonizadoras desde a época do processo de escravidão dos (as) negros (as) fomentaram e efetivaram estruturas e procedimentos para, de um lado, produzir as lacunas de origem e identidade, e de outro, o aculturamento com o firme propósito de apagar as histórias, memórias, e tradições dos(as) africanos(as). O Território de Identidade Piemonte Norte do Itapicuru (TIPNI), lócus dessa pesquisa, localizado na região noroeste da Bahia, é formado por 09 municípios e dentre esses, 07 tem comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos pela Fundação Cultural Palmares (FCP). Dentro desse contexto, o presente estudo propõe-se a identificar e analisar as comunidades remanescentes de quilombos do TIPNI no que tange os saberes tradicionais constituídos, produzidos e preservados nas encruzilhas epistemológicas à luz da diáspora africana. A identificação do desenho histórico e geográfico da formação do nordeste e do TIPNI se dará pela obra de Bandeira O feudo: A casa da Torre de Garcia D’Ávila: da conquista dos sertões à independência do Brasil (2000) reconhecendo que a compreensão da inteireza do ser e a formação da identidade étnico racial e sua diversidade perpassam pelo (re) conhecimento da formação territorial e cultural desse território quilombola. As obras de Fanon: Os condenados da terra (1968) e Pele negra, máscaras brancas (2008) e a obra de Hall Da diáspora: identidades e mediações culturais (2008) para dimensionar a constituição do ser e da identidade negra, Mudimbe com  A invenão da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento (2019) na constituição da identidade do continente africano e a obra de Mbembe Crítica da razão negra (2017) para o entendimento da influência que o continente africano recebeu de outras culturas e a sua ressignificação para a reescrita de sua(s) história(s). A pesquisa em tela, versará na perspectiva interdisciplinar intercruzando a pesquisa qualitativa com abordagens da pesquisa participante, bibliográfica e documental. De forma preliminar, alude-se que essas comunidades remanescentes de quilombos podem ser divididas em dois grupos: as que constituíram suas identidades e culturas considerando a história e tradições da cultura branca colonizadora, incorporando essas tradições como sendo as legítimas em detrimento de suas memórias, e no segundo grupo as comunidades que conseguiram, através de resistência e resiliência, preservar e ressignificar suas culturas, reiterando a sua ancestralidade e o reconhecimento do ser negro (a) na valorização das memórias corporais e das encruzilhadas mesmo em contextos de adversidades. Em consonância com a dissertação, o produto final será a tradução do capítulo introdutório da obra de Mbembe La communauté terrestre (2023) que trata da efemeridade da humanidade e do protagonismo do continente africano na constituição das sociedades contemporâneas. A tradução terá a participação de uma turma do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Quilombola de São Tomé, Campo Formoso-BA, sob a coordenação, supervisão, sistematização e produção escrita ativa da pesquisadora.

Palavras-chave: 1. Epistemologia nas encruzilhadas; 2. Decolonialidade; 3. Remanescência; 4. Aculturação; Branquitude.

 


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