IDENTIDADES QUEER E FORMAÇÃO PARA O TRABALHO: A PERSPECTIVA DOCENTE NO ENSINO MÉDIO INTEGRADO DO IF SERTÃO CAMPUS SALGUEIRO

Allan Diego Ricarte de Araújo

Resumo


O movimento queer, germinado no contexto estadunidense da década de 1980, fez eclodir uma série de fenômenos sociais, políticos, culturais e econômicos contra-hegemônicos que, no cerne de suas reivindicações, defendia o direito de existir de corpos e identidades fora dos padrões da cisgeneridade e da heteronormatividade em um sistema que não concebia – e ainda não concebe – a legitimidade da diversidade sexual e de gênero. Espaços como a escola, cuja própria concepção contemporânea pressupõe uma sustentação da diferença, tem se tornado cada vez mais o lugar profícuo para o debate sobre a complexidade da existência humana em todas as suas particularidades e, aqui, as identidades queer encontram uma importante via de fortalecimento. Contudo, entendendo a educação como lócus de formação para o trabalho, é imprescindível compreender como se articulam os saberes frente à crescente demanda por iniciativas que validem, promovam e reforcem a diversidade sexual e de gênero, bem como combatam, ativa e proativamente, quaisquer formas de discriminação neste âmbito. Assim, justificada a imprescindibilidade de pensar uma formação omnilateral que considere as questões identitárias de gênero e sexualidade nos seus processos pedagógicos, surge uma questão central: estão os docentes do ensino médio integrado munidos de estratégias, conhecimentos e práticas que garantam a inclusão dos debates de gênero e sexualidade na formação dos estudantes? Objetiva-se, a partir deste trabalho, compreender se, e em que medida, os docentes do ensino médio integrado do IF Sertão – Campus Salgueiro estão capacitados para o exercício de um ensino verdadeiramente emancipatório das identidades queer, em sua complexidade e multiplicidade. Para tanto, lança-se mão aqui de uma pesquisa qualitativa, exploratória, cujos dados serão coletados através de entrevistas semiestruturadas, aplicadas aos docentes do ensino médio integrado do cenário supramencionado, e analisadas à luz da análise do discurso de Bakthin (1985), tendo como foco a percepção da emergência dos principais significados e significantes da prática dos entrevistados no que tange ao objeto desta pesquisa. Como base teórica, este estudo se referencia, no que tange aos estudos de gênero, dentre outros, em Butler (2013; 2019; 2022); Le Breton (2007); Ribeiro et al (2007); Louro (2003; 2004; 2018); e, no tocante aos movimentos da educação para o trabalho, nos estudos de Ciavatta (1990); Frigotto (1985) e Kuenzer (1988), dentre outros. Ressalta-se a importância de capacitar professores e professoras para, em sua prática, considerar as relações singulares que se presentificam na formação de pessoas queer, materializando estas existências. Espera-se, com este trabalho, que possa haver, a partir de reflexões e debates, a transformação da prática pedagógica convencionalmente alicerçada em pressupostos cisheteronormativos em um exercício profissional docente fundado no respeito, na sustentação e na defesa intransigente das diferenças.

 

Palavras-chave: Identidades Queer; Formação para o Trabalho; Prática Docente.


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