EDUCAÇÃO E INTERCULTURALIDADE CRÍTICA EM SERRA TALHADA - PE: Uma discussão necessária
Resumo
Fleuri (2003) afirma que interculturalidade se refere “a um complexo campo de debate entre as variadas concepções e propostas que enfrentam a questão da relação entre processos identitários socioculturais diferentes, focalizando especificamente a possibilidade de respeitar as diferenças e de integrá-las em uma unidade que não as anule”. A definição aponta para o respeito à alteridade, o que significa o outro por ele mesmo, como o diz Lévinas (1980, p. 285), “o encontro com o rosto do outro”, metáfora usada para designar alguém que manifesta uma expressão, uma linguagem, enfim, uma singularidade, que aponta para a vivência de uma identidade, esta entendida, como a ética do reconhecimento do outro (Freire, 2000). Assim, falar do outro sob a perspectiva da interculturalidade crítica demanda, antes de tudo, visão de mundo onde não se faça presente o preconceito e marque presença o entendimento que cada povo é tributário de uma cultura e possuidor de uma identidade cultural, promovendo o fato de o mundo “poder ser comparado a um mosaico ou a uma tapeçaria composta de múltiplas contribuições culturais, em que cada uma contribui para o significado e a beleza do conjunto” (Hepburn, 2005, p. 254). Todavia, convém estabelecer atenção para o uso do adjetivo intercultural, visto que, a inexistência de criticidade leva a utilização do termo interculturalidade para, segundo Fleuri (2003), indicar realidades e perspectivas que vivenciam incongruência entre si, ou seja e, na verdade, promove-se concessões que garantem alguma visibilidade a grupos culturais diversos, atuando como ações conciliatórias, mas que no fundo mascaram uma perversa desigualdade social e econômica, o que Freire (1999) chamaria de pasteurização ideológica e Alves (1981, p. 17) chama de “favorecimento às mentes colonizadas”. Diante dessa exposição, verifica-se necessária a discussão da interculturalidade crítica no âmbito educacional. Esta pesquisa, cujo objetivo é estabelecer análise acerca do discurso intercultural verbalizado no contexto educacional serratalhadense, empreenderá, enquanto metodologia, abordagem qualitativa, que tem o ambiente natural como fonte direta dos dados, cuja atenção se centra no processo e não no resultado da investigação, sendo o significado a preocupação essencial do pesquisador (Triviños, 1987). O referencial teórico se centrará em autoras e autores que discutam interculturalidade crítica, como, por exemplo, Catherine Walsh, Vera Maria Candau e Kelly Russo, Aníbal Quinjano, bem como, cultura e hegemonia, como o fazem Paulo Freire e Antônio Gramsci. Espera-se, enquanto resultado, estabelecer comparação entre o que se discursa e o que se verifica relacionado à interculturalidade no âmbito educacional serratalhadense.
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