Fé e Conhecimento em Blaise Pascal

Francisco José de Lima

Resumo


Este trabalho expõe o resultado de uma pesquisa cujo objetivo foi demonstrar a distinção e ao mesmo tempo a mútua colaboração entre fé e conhecimento. Para tanto, parte-se da investigação filosófica do escrito pascaliano: Os Pensamentos, sem excluir outras fontes de pesquisa. Desse modo, a problemática que inspirou essa pesquisa pode ser expressa nos seguintes termos: Pode a fé caminhar em harmonia com o conhecimento? ou trata-se de duas realidades antagônicas? Na luta pela razão, em que se resume à obra da filosofia no século XVII, a voz de Pascal representa uma nota dissonante. Pascal aceita e assume o racionalismo no domínio da ciência, embora reconhecendo os limites que ele encontra também neste domínio, mas não considera que o racionalismo possa se estender à esfera da moral e da religião.  As verdades teológicas e as verdades que obtemos com o raciocínio e experiência são, portanto diferentes; eternas as primeiras, progressivas as segundas; dom de Deus as primeiras, fruto da atividade humana as segundas; encontrados nos textos sacros as primeiras, resultados da engenhosidade humana, de provas racionais e de experimentos as segundas. O saber científico embora busque a verdade não é absoluto, ou seja, não se aplica a toda a realidade, toda ciência tem outras ciências ao seu lado e, por isso, é uma ciência particular. A ciência é por natureza limitada e estuda tão somente setores do real e não a totalidade da realidade. Para estudar cada realidade específica deve-se elaborar um método adequado e não absolutizar um único método que na verdade só se aplicam a algumas realidades. Ao contrário de Descartes seu contemporâneo que busca um método universal, Pascal fala em métodos: para cada problema preciso deve-se elaborar um método preciso para resolvê-lo. Haveria, assim, tantos métodos quantos problemas a resolver.  A metodologia da pesquisa consistiu essencialmente de uma leitura analítica de textos filosóficos de mãos dadas com o método dialético, sempre expressando e comparando duas possibilidades tanto do homem de fé como do cientista: fé e fideísmo, ciência e cientificismo. Procuramos, seguindo a intenção de entender os termos, proposições e argumentos usados por Pascal, chegar à compreensão de que a fé e o conhecimento são realidades distintas porém não contrapostas. A particularidade da questão exige a particularidade do instrumento capaz de resolvê-la, e esse renovado esforço de invenção é o que caracterizaria o cientista. 



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