Interseccionalidade: compreendendo raça e gênero à luz do feminismo afrodiaspórico
Resumo
De acordo com as Epistemologias do Sul (SANTOS, 2008), as relações sociais estruturam-se em três eixos de dominação: capitalismo, patriarcado e racismo. Apesar de todos serem tocados por estes, algumas sujeitas são mais atingidas: as mulheres negras. Assim, estudamos como a “Interseccionalidade”, conceito da autora Lélia González discutido por várias intelectuais (CARNEIRO, 2011; RIBEIRO, 2017; AKOTIRENE, 2019) pode dar luz às relações entre raça e gênero, para compreender a vida destas. Nessa pesquisa, objetivamos elaborar um balanço teórico das produções brasileiras ligadas ao feminismo afrodiaspórico entre os anos 1990-2020 acerca dos cruzamentos entre as categorias raça e gênero (Interseccionalidade), buscando compreender quais as relações entre as opressões de raça e gênero no Brasil. O percurso metodológico abordou referenciais teóricos básicos, relacionados aos conceitos de gênero e raça no Brasil. Para tanto, realizamos a leitura de textos de autoras brasileiras (Lélia González, Suely Carneiro, Djamila Ribeiro e Karla Akotirene) e a posterior análise comparativa desses estudos, tendo em vista as discussões suscitadas pelas autoras. Por fim, elaboramos um texto teórico sintetizando as observações decorrentes desta análise comparativa. Ademais, foram realizados encontros via Google Meet quinzenalmente com debates, além de publicações via Instagram acerca da temática. A pesquisa ampliou o conhecimento que se tem das autoras nacionais voltadas para o feminismo negro, afrodiaspórico e decolonial, que denunciam há décadas a situação da mulher negra no Brasil e a necessidade de políticas públicas para estas, no sentido da equidade e da justiça social. Com a pesquisa, compreendeu-se as relações entre gênero e raça, ao analisar como se constroem as desigualdades e violências vividas pelas mulheres negras brasileiras. A partir de estudos como esse, é possível estimular o debate e a construção de um espaço mais dialógico, menos racista e menos cisheteropatriarcal. Assim, concluiu-se que para a garantia da existência plena de todos na sociedade, urge que aplique-se conceito de interseccionalidade, que dá voz e repreende a ideia da mulher não-plural, já que as opressões não atingem todas igualmente. Deve-se analisar a matriz moderna cujas relações de poder são estruturas entrecruzadas que formam a identidade do sujeito, onde todas merecem atenção política.
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