NÍVEIS DE ENERGIA PARA OVELHAS MORADA NOVA NO TERÇO FINAL DA GESTAÇÃO E NO PÓS-PARTO

TORREÃO,$space}JACIRA NEVES DA COSTA
ZOOTECNIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
fevereiro, 2007
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Resumo

RESUMO - Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar os efeitos da quantidade de energia metabolizável ofertada por ovelha/dia, sobre o consumo de nutrientes, desempenho ponderal, condição corporal, perfil metabólico, produção de leite, cortisol, progesterona e estradiol séricos, bem como o desempenho e eficiência reprodutiva em ovelhas Morada Nova durante o terço final da gestação e na lactação. O experimento foi realizado na Estação Experimental de São João do Cariri, do Centro de Ciências Agrárias da UFPB, utilizando 39 ovelhas com 100 dias de prenhez até o desmame (70 dias), em duas épocas do ano, considerando período chuvoso (n=22) e período seco (n=17). As dietas experimentais foram formuladas para atender uma ingestão diária de 2,2; 2,8; e 3,4 Mcal de Energia Metabolizável (EM) /dia e 150 g de proteína bruta. Foi avaliado o consumo de nutrientes, variação no ganho em peso (GP), escore da condição corporal (ECC) e produção de leite. O perfil metabólico foi determinado através das concentrações séricas de glicose, β-hidroxibutirato (BHBA), ácidos graxos não esterificados (AGNE), triacilglicerídeos, colesterol, uréia, creatinina, proteínas totais (PT), albumina e globulina. Durante o pós-parto foram determinados os níveis séricos de progesterona, estradiol, e cortisol, além do índice de estresse térmico (IET) e índices zootécnicos para determinar a eficiência reprodutiva. Foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, num esquema de parcelas subdivididas, em que a parcela principal constituiu os níveis de energia, e a parcela secundária, representada pelas semanas de gestação ou de lactação. A variação do GP e ECC foram avaliadas através de arranjo fatorial. Para as variáveis que tratavam de freqüência de ocorrência, utilizou-se o teste Qui-quadrado. Foram utilizados Modelos Lineares Generalizados (GLM), utilizando a distribuição de Poisson e distribuição binomial nos dados não paramétricos. Tanto durante a gestação, quanto na lactação, o consumo de nutrientes foi superior (P<0,05) durante o período seco. Nestas duas fases, a matéria seca (MS) da dieta efetivamente consumida foi inferior a MS das dietas ofertadas (P<0,05). Durante a gestação, o consumo de matéria seca (CMS), proteína bruta (CPB), fibra em detergente neutro (CFDN) e energia metabolizável (CEM) variaram entre os níveis de energia (P<0,05). Durante a lactação, houve variação (P<0,05) durante as semanas para CMS, CEM, CPB e de CFDN, apresentando comportamento quadrático (P<0,05). Para GP e ECC, na gestação e na lactação, houve efeito significativo dos níveis de energia (P<0,05) e das fases (P<0,05). Durante a gestação, as concentrações séricas de colesterol, uréia, creatinina, PT e globulinas variaram em função do nível de energia (P<0,05). Colesterol, uréia, PT e globulina séricos também sofreram efeito do período de coleta (P<0,05). Os efeitos da interação entre níveis de energia e período de coleta ocorreram para glicose, BHBA, AGNE e triacilglicerídeos (P<0,05). Durante a lactação, as concentrações séricas de glicose, BHBA, colesterol, triacilglicerídeos, PT e globulina variaram em função dos níveis de energia (P<0,05). Glicose, BHBA, colesterol, triacilglicerídeos, PT e globulina séricos variaram em função do período de coleta (P<0,05), havendo também efeito da interação entre níveis de energia e período de coleta (P<0,05) para AGNE e uréia. A oferta de 3,4 Mcal de EM elevou a concentração sérica de glicose das crias ao nascimento (P<0,05), bem como a taxa de sobrevivência (P<0,05). As concentrações séricas de cortisol e progesterona variaram (P<0,05) em função dos níveis de energia e dos períodos chuvoso e seco, sendo evidenciados situação de estresse nas ovelhas durante o período seco (P<0,05) e sinais de estro apenas durante o período chuvoso (P>0,05). O desempenho e a eficiência reprodutiva variaram (P<0,05) em função dos níveis de energia e do período, de maneira que, os melhores índices foram obtidos à medida que aumentou a oferta de energia da dieta e durante o período chuvoso. Houve interferência das condições climáticas sobre o consumo de nutrientes durante o terço final da gestação e na lactação, com aumento no consumo de nutrientes, bem como aumento da seletividade pela energia da dieta, durante o período seco. A oferta de 2,2 e de 2,8 Mcal de energia metabolizável não deve ser recomendada durante o terço final da gestação e na lactação, visto ao eminente estresse metabólico passado por esses animais e suas crias, no período periparturiente e durante a lactação. Durante a gestação, o monitoramento da condição nutricional pode ser realizado pela determinação da glicose e BHBA séricos, e, na lactação, pelo BHBA e AGNE sérico. Nestas fases, o acompanhamento também pode ser realizado através do escore da condição corporal, sendo um método mais simples e econômico. Embora as ovelhas Morada Nova sejam muito eficientes em utilizar a energia na dieta, o aumento da energia ofertada afetou sobremaneira a condição corporal e o ganho de peso, apresentando-se em balanço energético negativo, sendo fundamental a suplementação energética no terço final da gestação até o desmame em função dos melhores índices de desempenho e eficiência reprodutiva.

Palavras-chave: anestro pós-parto, consumo de energia, crescimento fetal, estresse térmico, ovinos nativos, período periparturiente, semi-árido